30 março 2006

Breakfast in/out .... on/off....

Abandonado em bebé à porta de uma igreja na Irlanda, Patrick "Kitten" Braden (Cillian Murphy) desde cedo sobreviveu a uma realidade hostil graças ao seu encanto e à recusa em deixar alguém alterar a sua maneira de ser - um jovem desenquadrado do mundo que o rodeia e, principalmente, do seu corpo, o que o torna muito mais que um homossexual ou um travesti.Com a acção situada em Londres dos anos 70, BREAKFAST ON PLUTO dá-nos a conhecer a vida de Kitten e a sua busca incessante do amor e da verdadeira mãe, enquanto que, perdido, se vai envolvendo nos meandros da música, do ilusionismo, da prostituição e até do IRA.
Breakfast In America
Take a look at my girlfriend
She's the only one I got
Not much of a girlfriend
Never seem to get a lot
Take a jumbo across the water
Like to see America
See the girls in California
I'm hoping it's going to come true
But there's not a lot I can do
Could we have kippers for breakfast
Mummy dear, Mummy dear
They got to have 'em in Texas
Cos everyone's a millionaire
I'm a winner, I'm a sinner
Do you want my autograph
I'm a loser, what a joker
I'm playing my jokes upon you
While there's nothing better to do
Don't you look at my girlfriend
She's the only one I gotNot much of a girlfriend
Never seem to get a lot
Take a jumbo cross the water
Like to see America
See the girls in California
I'm hoping it's going to come true
But there's not a lot I can do Supertramp
Uma canção-poema. Um filme de uma vida. Vinte e seis anos decorrem entre estes dois momentos de pequeno-almoço. No entanto, apesar de tanto tempo decorrido, as ideias intemporais da acção do Homem, como centro de acção mantêm-se. Na canção, cá estamos com o homem apaixonado pela sua única namorada e, por isso, resolve pegar nela e fazer uma viagem pela sua América para um breakfast, sempre feliz….. mesmo com tantas diversidades por que passa, num país com muitos problemas. No filme de 2005, o realizador conta a história de alguém que é abandonado à nascença e que se torna num homem fora dos estereótipos normais com todas as barreiras que encontra, na década do breakfast in america. Pega na história de um homem adulto muito próprio, que tem uma maneira muito própria de estar na vida e que luta para marcar a sua identidade num meio hostil onde as mentalidades demoram a mudar. É neste mundo de pequenos-almoços rápidos, mais ou menos frugais, mais ou menos ricos em calorias, mais ou menos saborosos, de acordo com o espaço-meio onde vivemos e interagimos, que o ON articula-se com o OFF, o IN com o OUT. Assim, seremos vencedores ou perdedores, seremos alegres ou tristes, teremos pão ou sucumbimos de fome…. Infelizmente os pequenos-almoços, neste mundo nunca têm finais felizes apesar de estarmos satisfeitos. As notícias trazem-nos sempre, na maioria das vezes, cestas cheias de estórias de repressão, de injustiças, de negligências, de surdez, de inveja, de fome, de violação, de guerra..... Este é o meu pequeno Ponto(s) de Vista de hoje!

29 março 2006

Semântica Electrónica

Mais famoso dos romances de George Orwell, 1984 é uma metáfora pessimista do pós-guerra para o futuro da humanidade dominado pelo totalitarismo. Para garantir a manutenção do Partido, os sectores mais importantes da sociedade eram controlados pelas Teletelas, sempre sob a omnipresença do Grande Irmão.
Num futuro próximo, os bombeiros locais têm por função queimar todo tipo de material impresso, que é considerado como propagador da infelicidade. Até que um dos bombeiros começa a questionar os motivos que fazem com que ele e seus colegas queimem livros e revistas. O título Fahrenheit 451 é uma referência à temperatura que os livros são queimados. Convertido para Celsius, esta temperatura equivale a 233 graus.
Semântica Electrónica
Ordeno ao ordenador que me ordene o ordenado
Ordeno ao ordenador que me ordenhe o ordenhado
Ordinalmente
Ordenadamente
Ordeiramente.
Mas o desordeiro
Quebrou o ordenador
E eu já não dou ordens
coordenadas
Seja a quem for.
Então resolvo tomar ordens
Menores, maiores,
E sou ordenado,
Enfim --- o ordenado
Que tentei ordenhar ao ordenador quebrado.
--- Mas --- diz-me a ordenança ---
Você não pode ordenhar uma máquina:
Uma máquina é que pode ordenhar uma vaca.
De mais a mais, você agora é padre,
E fica mal a um padre ordenhar, mesmo uma ovelha
Velhaca, mesmo uma ovelha velha,
Quanto mais uma vaca!
Pois uma máquina é vicária (você é vigário?):
Vaca (em vacância) à vaca.
São ordens...
Eu então, ordinalmente ordeiro, ordenado, ordenhado,
Às ordens da ordenança em ordem unida e dispersa
(Para acabar a conversa
Como aprendi na Infantaria),
Ordenhado chorei meu triste fado.
Mas tristeza ordenhada é nata de alegria:
E chorei leite condensado,
Leite em pó, leite céptico asséptico,
Oh, milagre ordinal de um mundo cibernético!
Vitorino Nemésio
Pois é!!! Os computadores! Eles aparecem e, com o intuito de ajudar o Homem, vêem para revolucionar todo um sistema trazido da revolução industrial onde o motor de desenvolvimento estava na indústria com grandes máquinas e muito poluidores. Deste momento até atingir toda uma sociedade, todo o mundo foi um passo, mais rápido que o do Gato das Botas. A electrónica invade os lares, os escritórios, os carros, os hospitais, as escolas, os aviões, as portagens, os bancos, as polícias, os amores…… Estamos num mundo onde o electrónico é o coração da sociedade. Os hospitais têm uma central electrónica, as polícias têm uma central electrónica, os construtores de automóvel têm uma central electrónica, os bancos têm uma central electrónica, os lares têm uma pequena central electrónica, fora os outros aparelhos de electrónica que possuem. Todos têm uma central electrónica com um computador….. Mas, o que mais me preocupa é esta situação omnipresente do computador que nos vigia. Se levantamos dinheiro numa ATM, se fazemos uma viagem de avião, se entramos num centro comercial, se entramos numa loja, se andamos de carro. Em todo o lugar está ou uma câmara ou um computador e isto avança lentamente para uma estado dominado pelo computador….. até que ele passa a dominar. Veja-se o celebérrimo computador HAL 9000, no filme 2001 Odisseia no Espaço. O que arranjou!!!!!!!... Este é o meu pequeno Ponto(s) de Vista, de hoje!

Ser ou não ser, eis a questão.

Banda roja, 1971, Antoni Tapiès, Técnica Mista s/tela, 170 x 190 cm monólogo de hamlet Ser ou não ser, eis a questão. O que é mais nobre? Sofrer na alma As flechas da fortuna ultrajante Ou pegar em armas contra um mar de dores Pondo-lhes um fim? Morrer, dormir Nada mais; e por via do sono pôr ponto final Aos males do coração e aos mil acidentes naturais De que a carne é herdeira, num desenlace Devotadamente desejado. Morrer! Dormir; dormir Dormir, sonhar talvez: mas aqui está o ponto de interrogação; Porque no sono da morte, que sonhos podem assaltar-nos Uma vez fora da confusão da vida? É isso que nos obriga a reflectir: é esse respeito Que nos faz suportar por tanto tempo uma vida de agruras. Pois quem suportaria as chicotadas e o escárnio do tempo As injustiças do opressor, as afrontas dos orgulhosos, A tortura do amor desprezado, as demoras da lei, A insolência do oficial e os pontapés Que o paciente mérito recebe do incompetente Quando o próprio poderia gozar da quietude Dada pela ponta de um punhal? Quem tais fardos suportaria Preferindo gemer e suar sob o peso de uma vida fatigante A não pelo medo de algo depois da morte Esse país desconhecido de cujos campos Nenhum viajante retornou, e que nos baralha a vontade E nos faz suportar os males que temos Em vez de voar para o que não conhecemos? Assim a consciência nos faz a todos cobardes E assim as cores nascentes da resolução Empalidecem perante o frouxo clarão do pensamento E os planos de grande alcance e actualidade Por via desta perspectiva mudam de sentido E saem do reino da acção. William Shakespeare, 1564-1616, poeta e dramaturgo inglês, Hamlet
Existencialismo: Corrente filosófica que atinge o apogeu nos anos 40 e 50, remete-nos para autores como Kierkegaard, Nietzsche, Jaspers, Heidegger, Sartre, Miguel de Unamuno, Ortega y Gasset, entre outros. Esta corrente de pensamento interessa-se pelo ‘esclarecimento dos problemas essenciais da existência humana’ ou seja, é ‘sempre do homem concreto que se trata, sujeito da morte, nas suas relações com os outros, buscando um sentido para o seu viver. (…) Uma característica comum a todas as filosofias da existência reside no facto de repousarem numa vivência muito pessoal e portanto variável de filósofo para filósofo, seja a angústia de Heidegger, a náusea de Sartre, o abandono ou a fragilidade de Jaspers, que revela o que se designa por «existência». (…) A «existência» é sempre individual, singular, subjectiva, finita, não se define, não se prova, nem se comunica conceptualmente. (…) Para o Existencialismo o homem não se encontra encerrado em si mesmo, como realidade imperfeita e aberta parece estar intimamente ligado ao mundo, de tal modo que a relação homem-mundo resume os temas da filosofia existencial. O mundo manifesta-se nas estruturas que constituem o homem como «existência», mas estas estruturas são apenas os modos possíveis de relacionação do homem com o mundo. Em particular está o homem intimamente ligado aos outros homens’ Logos – Enciclopédia Luso-Brasileira de Filosofia, Verbo
Pois!!! Estava num momento, daqueles que nós temos poucas vezes.
Estava num local acolhedor, silencioso, só e recolhido que me abstraí e voei. Voei e dei por mim a pensar nos múltiplos papéis sociais que cada um de nós possui. De homem, de cidadão, de vizinho, de amigo, de namorado, de amante, de tio, de primo, de engenheiro, de polícia, de cantor, de sócio de empresa, etc, etc. Voei e dei por mim a pensar nos problemas que o Homem enfrenta todos os dias. Problemas que ouvimos e lemos pelos meios de comunicação social e que directa ou indirectamente nos afectam. Problemas que, com os amigos, numa tertúlia, discutimos com mais ou menos efusividade, mais ou menos garra, mais ou menos paixão, mais ou menos amor…. Afectam-nos porque são globais. São as guerras, as doenças, os excessos do consumo, os problemas com a poluição, os governos que não governam, os pais que matam os filhos, os filhos que abandonam os pais nos hospitais, os amigos que telefonam com problemas, as mensagens de telemóvel com boas e más notícias, os preços dos bens essenciais que nunca baixam, os salários que nunca crescem, o desemprego a aumentar, os peixes do rio que aparecem mortos, as florestas queimadas, as bactérias que se tornam resistentes, o lixo no espaço, o homem que mata o homem……… A angústia, a náusea, o abandono, a fragilidade, o medo, a intolerância, o cepticismo, o egoísmo…ai tantas palavras para expressar o lado menos bom do homem intimamente ligado aos outros homens. E, naquele local acolhedor, estava protegido, mas momentaneamente, porque tinha que voltar ao mundo à real. E os problemas continuam, continuam! Uns terminam, outros surgem! E o homem onde está no meio disto tudo! Para onde vai a existência humana! Que caminho vai tomar! Neil Amstrong ficou apaixonado, quando olhou para aquele ponto azul no meio daquela escuridão espacial.
É o Planeta Terra onde o homem, habita…. Este é o meu pequeno Ponto(s) de Vista, de hoje!

28 março 2006

Tempo.....

The Persistence of Memory, 1931, Salvador Dali

AH! OS RELÓGIOS
Amigos, não consultem os relógios quando um dia eu me for de vossas vidas em seus fúteis problemas tão perdidas que até parecem mais uns necrológios...
Porque o tempo é uma invenção da morte: não o conhece a vida - a verdadeira - em que basta um momento de poesia para nos dar a eternidade inteira.
Inteira, sim, porque essa vida eterna somente por si mesma é dividida: não cabe, a cada qual, uma porção.
E os Anjos entreolham-se espantados quando alguém - ao voltar a si da vida - acaso lhes indaga que horas são...
Mario Quintana - A Cor do Invisível
Tempo…Ai tempo que corres e não paras…. Tempo para levantar, tempo para rezar, tempo para comer, tempo para trabalhar, tempo para amar, tempo para desamar….. Bolas!!! Mas porque razão há tempo para tudo??? Quem inventou o tempo não tinha noção no que ia arranjar no futuro e, ainda por cima, inventaram-se instrumentos para medir esse tempo. Pois! Os relógios….Dos mais variados feitios, eles aí estão para nos ajudar a ver esse tempo a correr….. É de sol, de água. electrónicos, digitais, mais ricos ou menos ricos, ao pescoço, à lapela, no pulso, na mala , na carteira!!!! É ver, olhar, mirar e olhar, nas lojas mais luxuosas às bancas de feira, com montras mais luxuosas ao simples estender de pano….
Mas tempo com ou sem auxílio de instrumentos de medição está registado na memória biológica....e aqui não falha!! Ai! Ai! Ai!......ai o tempooooooooooooooooooooo….
Este é o meu pequeno Ponto(s) de Vista de hoje!

27 março 2006

Alice e Miguel

Amigo Mal nos conhecemos Inaugurámos a palavra «amigo». «Amigo» é um sorriso De boca em boca, Um olhar bem limpo, Uma casa, mesmo modesta, que se oferece, Um coração pronto a pulsar Na nossa mão! «Amigo» (recordam-se, vocês aí, Escrupulosos detritos?) «Amigo» é o contrário de inimigo! «Amigo» é o erro corrigido, Não o erro perseguido, explorado, É a verdade partilhada, praticada. «Amigo» é a solidão derrotada! «Amigo» é uma grande tarefa, Um trabalho sem fim, Um espaço útil, um tempo fértil, «Amigo» vai ser, é já uma grande festa! Alexandre O’Neill
De nomes verdadeiros, Miguel e Alice são os amigos que se deseja ter. Miguel é o mano mais novo que nunca tive, é uma preocupação, um desafio, um caso único. O Miguel é.... A Alice é a mana mais velha, que nunca tive....
Neste mundo em que o altruísmo se confunde com interesse, onde a razão não vence, onde o vício, o interesse, o desrespeito, a maldade imperam, eis que encontrei um Miguel e uma Alice para colocar as minhas energias protectoras sabendo que é uma tarefa impossível de se realizar a cem por cento.
O poema reflecte, em todas as linhas, verdades absolutas quanto à nossa relação. Eu, com uma década de diferença em relação ao Miguel, funciono como um mano mais velho dando os conselhos que nunca tive do meu irmão mais velho.....Relativamente à Alice, passa-se o contrário.
Já discutimos, já chorámos, já cantámos, já nos rimos em conjunto, mas como AMIGOS, regressamos ao bom porto e cá estamos, sempre, com uma relação muito mais crescida e sólida.
Mas o mais bonito é que a nossa existência como AMIGOS não tem a nossa idade. Apenas tem meses e é absoluta, séria, verdadeira, integral, parecendo anos
Eu tenho muitos amigos: homens, mulheres, ateus, agnósticos, da esquerda, da direita, brancos, pretos, mulatos, hetero, homo, bi, ocidentais, orientais, ortodoxos, católicos, republicanos, monárquicos, casados, solteiros, divorciados.....ufa!!!
É neste contexto que quero prestar homenagem aos meus AMIGOS, focalizando no Miguel e na Alice o que de bom se tem quando temos AMIGOS.
Amor.........
Este é o meu pequeno Ponto(s) de Vista de hoje!

Liberdade!

LIBERDADE Ai que prazer não cumprir um dever. Ter um livro para ler e não o fazer! Ler é maçada, estudar é nada. O sol doira sem literatura. O rio corre bem ou mal, sem edição original. E a brisa, essa, de tão naturalmente matinal como tem tempo, não tem pressa... Livros são papéis pintados com tinta. Estudar é uma coisa em que está indistinta A distinção entre nada e coisa nenhuma. Quanto melhor é quando há bruma. Esperar por D. Sebastião, Quer venha ou não! Grande é a poesia, a bondade e as danças... Mas o melhor do mundo são as crianças, Flores, música, o luar, e o sol que peca Só quando, em vez de criar, seca. E mais do que isto É Jesus Cristo, Que não sabia nada de finanças, Nem consta que tivesse biblioteca... Fernando Pessoa Parto deste poema de Fernando Pessoa para vincar a importância da LIBERDADE . Vivemos numa Democracia onde os conceitos associados estão, em muitos casos, longe de serem usados e aplicados. Inicio-me neste mundo da 'blogosfera' porque este pode ser um espaço de liberdade de expressão sem os constrangimentos que a vida pública nos impõe. Este é o meu pequeno Ponto( s) de Vista de hoje!

Pontos de Vista

Este será o meu primeiro texto neste blogue com o título de Pontos de Vista.... Por isso, o meu primeiro compromisso é, tendo em atenção a ética indicar a todos os leitores a Carta Editorial do Pontos de Vista 1. Pontos de Vista é um blogue sem censura! 2. Pontos de Vista é um blogue aberto ao diálogo! 3. Pontos de Vista é um blogue democrático! 4. Pontos de Vista é um blogue activo! 5. Pontos de Vista é um blogue dinâmico! 6. Pontos de Vista é um blogue moderno! 7. Pontos de Vista é um blogue com edição diária! 8. Pontos de Vista é um blogue em construção até ao resultado final! 9. Pontos de Vista é um blogue em homenagem ao meu Pai! Votos de bom acolhimento! Rui Pedro Matos