29 março 2006

Ser ou não ser, eis a questão.

Banda roja, 1971, Antoni Tapiès, Técnica Mista s/tela, 170 x 190 cm monólogo de hamlet Ser ou não ser, eis a questão. O que é mais nobre? Sofrer na alma As flechas da fortuna ultrajante Ou pegar em armas contra um mar de dores Pondo-lhes um fim? Morrer, dormir Nada mais; e por via do sono pôr ponto final Aos males do coração e aos mil acidentes naturais De que a carne é herdeira, num desenlace Devotadamente desejado. Morrer! Dormir; dormir Dormir, sonhar talvez: mas aqui está o ponto de interrogação; Porque no sono da morte, que sonhos podem assaltar-nos Uma vez fora da confusão da vida? É isso que nos obriga a reflectir: é esse respeito Que nos faz suportar por tanto tempo uma vida de agruras. Pois quem suportaria as chicotadas e o escárnio do tempo As injustiças do opressor, as afrontas dos orgulhosos, A tortura do amor desprezado, as demoras da lei, A insolência do oficial e os pontapés Que o paciente mérito recebe do incompetente Quando o próprio poderia gozar da quietude Dada pela ponta de um punhal? Quem tais fardos suportaria Preferindo gemer e suar sob o peso de uma vida fatigante A não pelo medo de algo depois da morte Esse país desconhecido de cujos campos Nenhum viajante retornou, e que nos baralha a vontade E nos faz suportar os males que temos Em vez de voar para o que não conhecemos? Assim a consciência nos faz a todos cobardes E assim as cores nascentes da resolução Empalidecem perante o frouxo clarão do pensamento E os planos de grande alcance e actualidade Por via desta perspectiva mudam de sentido E saem do reino da acção. William Shakespeare, 1564-1616, poeta e dramaturgo inglês, Hamlet
Existencialismo: Corrente filosófica que atinge o apogeu nos anos 40 e 50, remete-nos para autores como Kierkegaard, Nietzsche, Jaspers, Heidegger, Sartre, Miguel de Unamuno, Ortega y Gasset, entre outros. Esta corrente de pensamento interessa-se pelo ‘esclarecimento dos problemas essenciais da existência humana’ ou seja, é ‘sempre do homem concreto que se trata, sujeito da morte, nas suas relações com os outros, buscando um sentido para o seu viver. (…) Uma característica comum a todas as filosofias da existência reside no facto de repousarem numa vivência muito pessoal e portanto variável de filósofo para filósofo, seja a angústia de Heidegger, a náusea de Sartre, o abandono ou a fragilidade de Jaspers, que revela o que se designa por «existência». (…) A «existência» é sempre individual, singular, subjectiva, finita, não se define, não se prova, nem se comunica conceptualmente. (…) Para o Existencialismo o homem não se encontra encerrado em si mesmo, como realidade imperfeita e aberta parece estar intimamente ligado ao mundo, de tal modo que a relação homem-mundo resume os temas da filosofia existencial. O mundo manifesta-se nas estruturas que constituem o homem como «existência», mas estas estruturas são apenas os modos possíveis de relacionação do homem com o mundo. Em particular está o homem intimamente ligado aos outros homens’ Logos – Enciclopédia Luso-Brasileira de Filosofia, Verbo
Pois!!! Estava num momento, daqueles que nós temos poucas vezes.
Estava num local acolhedor, silencioso, só e recolhido que me abstraí e voei. Voei e dei por mim a pensar nos múltiplos papéis sociais que cada um de nós possui. De homem, de cidadão, de vizinho, de amigo, de namorado, de amante, de tio, de primo, de engenheiro, de polícia, de cantor, de sócio de empresa, etc, etc. Voei e dei por mim a pensar nos problemas que o Homem enfrenta todos os dias. Problemas que ouvimos e lemos pelos meios de comunicação social e que directa ou indirectamente nos afectam. Problemas que, com os amigos, numa tertúlia, discutimos com mais ou menos efusividade, mais ou menos garra, mais ou menos paixão, mais ou menos amor…. Afectam-nos porque são globais. São as guerras, as doenças, os excessos do consumo, os problemas com a poluição, os governos que não governam, os pais que matam os filhos, os filhos que abandonam os pais nos hospitais, os amigos que telefonam com problemas, as mensagens de telemóvel com boas e más notícias, os preços dos bens essenciais que nunca baixam, os salários que nunca crescem, o desemprego a aumentar, os peixes do rio que aparecem mortos, as florestas queimadas, as bactérias que se tornam resistentes, o lixo no espaço, o homem que mata o homem……… A angústia, a náusea, o abandono, a fragilidade, o medo, a intolerância, o cepticismo, o egoísmo…ai tantas palavras para expressar o lado menos bom do homem intimamente ligado aos outros homens. E, naquele local acolhedor, estava protegido, mas momentaneamente, porque tinha que voltar ao mundo à real. E os problemas continuam, continuam! Uns terminam, outros surgem! E o homem onde está no meio disto tudo! Para onde vai a existência humana! Que caminho vai tomar! Neil Amstrong ficou apaixonado, quando olhou para aquele ponto azul no meio daquela escuridão espacial.
É o Planeta Terra onde o homem, habita…. Este é o meu pequeno Ponto(s) de Vista, de hoje!

3 Comments:

Blogger Paulo Ribeiro said...

Terá visto a Terra, ou foi somente um ponto azul projectado numa qualquer tela?

quarta-feira, março 29, 2006  
Anonymous Anónimo said...

Oi,
eu estava passando por uns blogs
e achei o seu muito bom
adorei esse texto
é um dos meus favoritos tambem
um beijo

quinta-feira, maio 18, 2006  
Anonymous Maria Ceiça said...

"Voei e dei por mim a pensar nos múltiplos papéis sociais que cada um de nós possui. De homem, de cidadão, de vizinho, de amigo, de namorado, de amante, de tio, de primo,..."

E usamos uma máscara em cada papel social, pois cada situação exige de nós postura física diferente,e nessas mudanças de papéis nos perdemos em nós mesmos !

quarta-feira, julho 27, 2011  

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