03 junho 2006

Macbeth .......

Libreto da Ópera: Macbeth, G. Verdi, 1849
Macbeth s/d, John Martin (1789-1854), National Gallery of Scotland
"Acto III, Cena 1
(...)
Macbeth - Ide buscá-los.
(sai o criado.)
Ser rei é nada; é necessário sê-lo com segurança. É muito grande o nosso medo de Banquo; em sua postura soberana domina qualquer coisa que deve ser temido. E corajoso como poucos e à têmpera indomável do espírito une uma sabedoria que faz o valor no alvo acertar sempre. Tirante ele, não há pesdsoa alguma de quem eu tenha medo, e junto dele meu génio se intimída, como dizem que com o de Marco António acontecia, quando junto de César. Dirigiu-se corajoso às irmãs, interpelando-as quando o nome do rei elas me deram, forçando-as a falar-lhe a seu respeito, ao que elas, quais videntes, o saudaram como pai de uma série de monarcas. Na cabeça puseram-me a coroa sem frutos e nas mãos o ceptro estéril, para que mo arrebate um punho estranho, pois para herdeiro nenhum filho tenho. Se for assim, para a posteridade de Banquo, tão-somente, sujei a alma; matei para eles o grandioso Duncan; por causa deles ódio pus no vaso da minha paz, havendo entregue a minha jóia eterna ao comum inimigo do homem, para fazê-los reis, para dos filhos de Banquo fazer reis! Antes que venha isso a se dar, que à liça baixe o fado, para o combate eterno. Quem vem lá?
(entra o criado, com dois assassinos.)
Fica na porta e espera até que eu chame.
(sai o criado.)
Não foi ontem que juntos conversámos?
(...)"
Macbeth, W. Shakespeare
Que de comum têm as Comédias, as Tragédias, os Dramas que Shakespeare escreveu no séc. XVI com o que se passa na actualidade?
Estou a reler o Admirável Mundo Novo de Aldous Huxley, escrito em 1932; ontem fui ver o filme V for Vendetta, projecto de 2006 dos irmãos Wachowski e realizado por James McTeigue, a partir de um romance gráfico de Alan Moore e ilustrado por David Lloyd.
O que de comum há entre estes dois projectos?É o de contarem uma história sobre uma sociedade futurista onde a opressão, a falta de liberdade entre outros pormenores existe. E, acima de tudo, na importância dos textos de Shakespeare que são cruciais quer para os protagonistas, quer para o desenvolvimento, quer para a compreensão de toda a história.
Noite de Reis, Hamlet, Sonhos de uma Noite de Verão, Othelo, O Mercador de Veneza, Ricardo III entre outros, são textos revolucionários, inconformistas, actuais, modernos, progressistas e com profunda qualidade....
Em Macbeth, por exemplo, segundo Fernando Nuno, "Mata-se por amor, mata-se por poder, mata-se por honra, mata-se por revanche. É a violência em seu estado bruto. Quem não seria capaz de reconhecer os Macbeth do século XXI? Pessoas que almejam o poder a qualquer preço. "
Deixo este parágrafo final para pensar. Será verdade???.......
E uma proposta de leitura de altíssima qualidade.
Este é o meu pequeno Ponto(s) de Vista de hoje!

4 Comments:

Blogger Maria P. said...

Um Ponto de Vista "com pano para mangas..."
Bom fim de semana.

sábado, junho 03, 2006  
Anonymous Anónimo said...

..."É a violência em seu estado bruto. Quem não seria capaz de reconhecer os Macbeth do século XXI? Pessoas que almejam o poder a qualquer preço."

Que ponto de vista este...!!!

A violência no seu estado bruto, sempre existiu, continua a existir nos nossos dias e continuará por aí fora ... infelizmente. Eu diria que é o resultado de querer não só o poder, ms sim qualquer coisa, por ínfima que seja, seja a que preço fôr!

Bom Fim de Semana e parabéns pelo ponto de vista.

sábado, junho 03, 2006  
Blogger JPS said...

É o teu GRANDE ponto de vista.

domingo, junho 04, 2006  
Blogger Fabiana said...

E tudo, tudo pela vulgaridade e pequeninez do ser humano.

sexta-feira, junho 13, 2008  

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