07 junho 2006

Caminho ....

O Passeante Invisível, 1949-51,Vieira da Silva (1908 - 1992), Museum of Modern Art (San Francisco, EUA)
Yo voy soñando caminos

Yo voy soñando caminos

de la tarde. ¡Las colinas

doradas, los verdes pinos,

las polvorientas encinas!...

¿Adónde el camino irá?

Yo voy cantando, viajero

a lo largo del sendero...

-La tarde cayendo está-.

"En el corazón tenía

la espina de una pasión;

logré arrancármela un día;

ya no siento el corazón."

Y todo el campo un momento

se queda, mudo y sombrío,

meditando. Suena el viento

en los álamos del río.

La tarde más se oscurece;

y el camino que serpea

y débilmente blanquea,

se enturbia y desaparece.

Mi cantar vuelve a plañir;

"Aguda espina dorada,

quién te pudiera sentir

en el corazón clavada."

Antonio Machado

Acho muito engraçado, mas este terceiro texto surge, também como uma reacção ao que eu vou lendo pelos blogues amigos e onde o tema abordado pelos responsáveis é, mais ou menos este: O que eu faço aqui, neste espaço, neste lugar e para onde eu vou...

Ou porque nos casamos, ou porque aparece o filhote, ou porque nos morre um familiar directo, ou porque ficamos doentes, ou porque mudamos de localidade, ou porque mudamos de profissão, de país, ou porque conhecemos novas pessoas, aparecem-nos dúvidas que nos podem fazer alterar o curso do nosso caminho. No final do livro, Admirável Mundo Novo, de Aldous Huxley, estava a seguinte citação do filósofo francês do séc. XVIII, François-Pierre Maine de Biran, que pode ser uma resposta: "Envelhecemos, temos o sentimento radical da fraqueza, da atonia, do mal-estar devido ao peso dos anos, e dizemo-nos doentes, embalamo-nos na ideia de que este estado penoso é devido a uma causa particular, de que esperamos curar-nos como nos curamos de uma doença. Vãs cogitações! A moléstia é a velhice, e ela é miserável. Precisamos de nos resignar….Diz-se que se os homens se tornam religiosos ou devotos com o avançar dos anos é porque têm medo da morte e do que a deve seguir na outra vida. Mas tenho, quanto a mim, a consciência de que, sem nenhum terror semelhante, sem nenhum efeito de imaginação, o sentimento religioso se pode desenvolver à medida que avançamos em idade, porque tendo-se acalmado as paixões, a imaginação e a sensibilidade menos excitadas ou excitáveis, a razão é menos perturbada no seu exercício, menos ofuscadas pelas imagens ou afeições que a absorviam.",

Com os quarenta já em cima e com muitas vivências e algumas bem marcantes, as dúvidas desaparecem porque o caminho percorrido por mim permitiu-me eliminar as tais incertezas e, agora, a vida é totalmente o oposto. Estou seguro, certo, calmo, sereno, sei o que desejo, sei o que não quero e o que não quero. Ou seja, SEI e sempre com a energia para lutar por um ideal. Não me refiro a ser um homem religioso no sentido literal do termo, como diz o texto, mas sou um Homem com uma determinação, com uma maneira de sentir e reagir novo. Ou seja, estou um verdadeiro devoto de causas.

Ter medo da morte é porque se está vivo, mas é uma ideia au-passant, para 'passeante' visível que sou, neste mundo onde interagimos com terceiros.

Será que, por este motivo, fazemos as tais famosas perguntas?

Este é o meu pequeno Ponto(s) de Vista de hoje!

6 Comments:

Blogger JPS said...

Tu não existes!

TU... Não existes!

Vou ler outra vez, agora com a razão, porque a emoção já te dei toda.

(Jantar de blogs? TAMBEM dia 8??? Olha que coincidência!)

quarta-feira, junho 07, 2006  
Blogger Unknown said...

A vida é um periodo de férias que a morte nos concede, e quer queiramos, quer não todos temos que aprender a viver com isso, por muito que nos custe.
Há que aproveitar o pouco tempo que andamos por aqui para tentar ser felizes, tentar tirar alguma lição do que corre mal, e tentar encarar isso como mais uma curva na estrada da vida...
Boa semana

quarta-feira, junho 07, 2006  
Blogger Francisco Mendes said...

A morte não me assusta... desde que pereça unido a alguém eterno.

És um escriba fenomenal, pincelando este recanto com palavras e pensamentos avassaladores.

Forte Abraço caro amigo.

quarta-feira, junho 07, 2006  
Blogger Alexandra said...

Eu também já tenho os quarentas, as estão cá todas, algumas, mais do que as q gostaria, também as tenho. Mas, quem não as tem?

Mas há uma coisa que já deixei de ter ilusões. Saber o que quero e o que sou, não tenho qq dúvida, agora... que a vida dá muita volta, disso tb não tenho duvidas e já aprendi que ... "Nunca digas, nunca"!

Quanto à morte... esse é um tema que dá pano para mangas! Essa é a única certeza que o Ser Humano tem. Daí, muitas vezes nem querer pensar nela, e quando pensa assusta-se, porque não sabe quando vem, nem como chegará, nem o que acontecerá após! Daí, na minha opinião, todas as questões que se colocam, e a necessidade de dar um incentivo e uma finalidade à vida. Esta é, somente, a minha opinião, acrescentando que a religião não é o meu ponto forte, nem nunca foi :)

Belíssimo ponto de vista!

Resto de Boa Semana!

quinta-feira, junho 08, 2006  
Blogger Andr3 said...

Após a leitura de um ponto de vista tão bem fundamentado, eis a vontade que irá ser decerto, um ponto de vista mais vezes visitado!
A incerteza de quando terminar esta nossa viajem por aqui(terra),é uma constante que a partir de uma certa altura, seja devido a experiências passadas, ou a testemunhas visualizadas, começa a sobressair pelos nossos pensamentos nas alturas mais impensáveis! Será talvez do pânico que todos receamos, de a nossa vida cessar, ou a opurtunidade de viver momentos com aqueles que gostamos e aquilo que ainda queremos viver; acabar!?
É uma experiência interessante o passar dos anos, reflectir sobre o que nos aconteceu e pensar no que poderá acontecer . . . mas não percamos tempo c isso agora. . . Vivamos!
Bem Haja; Bem, Viva
Até Depois

quinta-feira, junho 08, 2006  
Blogger isabel said...

Estou cada vez mais serena em relação à morte...se bem que tenha medo do "embate"...

Bom ponto de vista, como sempre :)

sábado, junho 10, 2006  

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