28 abril 2006

377 ....

Stretcher Frame with Cross Bars III, 1968, Roy Lichtenstein
Transverse Line, 1923, Wassily Kandinsky, Kunstsammlung Nordrhein-Westfalen, Dusseldorf

A paixão da matemática

Um Quociente apaixonou-se
Um dia
Doidamente
Por uma Incógnita.
Olhou-a com seu olhar inumerável
E viu-a, do Ápice à Base...
Uma Figura Ímpar;
Olhos rombóides, boca trapezóide,
Corpo ortogonal, seios esferóides.
Fez da sua
Uma vida
Paralela a dela.
Até que se encontraram
No Infinito.
"Quem és tu?" indagou ele
Com ânsia radical."
Sou a soma do quadrado dos catetos.
Mas pode me chamar de Hipotenusa."
E de falarem descobriram que eram
- O que, em aritmética, corresponde
A alma irmãs
Primos-entre-si.
E assim se amaram
Ao quadrado da velocidade da luz.
Numa sexta potenciação
Traçando
Ao sabor do momento
E da paixão
Retas, curvas, círculos e linhas senoidais.
Escandalizaram os ortodoxos
das fórmulas euclideanas
E os exegetas do Universo Finito.
Romperam convenções newtonianas
e pitagóricas.
E, enfim, resolveram se casar
Constituir um lar.
Mais que um lar.
Uma Perpendicular.
Convidaram para padrinhos
O Poliedro e a Bissetriz.
E fizeram planos, equações e
diagramas para o futuro
Sonhando com uma felicidade
Integral
E diferencial.
E se casaram e tiveram
uma secante e três cones
Muito engraçadinhos.
E foram felizes
Até aquele dia
Em que tudo, afinal,
Vira monotonia.
Foi então que surgiu
O Máximo Divisor Comum...
Freqüentador de Círculos Concêntricos.
Viciosos.
Ofereceu-lhe, a ela,
Uma Grandeza Absoluta,
E reduziu-a a um Denominador Comum.
Ele, Quociente, percebeu
Que com ela não formava mais Um Todo.
Uma Unidade.
Era o Triângulo,
Tanto chamado amoroso.
Desse problema ela era a fração
Mais ordinária.
Mas foi então que Einstein descobriu
Relatividade.
E tudo que era expúrio passou a ser
Moralidade
Como aliás, em qualquer
Sociedade.
Millor Fernandes

Números, números e mais números e são difíceis de serem compreendidos porque os podemos escrever de várias formas......
A nossa vida está baseada em números e não nos largam até ao nosso finito suspiro, enquanto eles continuarão por serem sempre cada vez mais e nunca mais param...
Hoje fiquei com este número, 377 (trezentos e setenta e sete = 300 + 70 + 7)! Mas, o mais engraçado deste número é ser formado por 3 números, serem primos e possuirem um grau de misticidade.
Não sendo a primeira vez que abordo o tema dos números, eles são uma constante da vida e lá estão. No horário, nas linhas das estradas, nos glóbulos, no vestuário, na paisagem, nos telefones, nos computadores, nas calorias que ingerimos, nas placas toponímicas, nos marcos geodésicos, etc, etc....
Mas, desde que se começou a olhar para o átomo, os números passaram a ser escritos de uma outra maneira, de outra forma e iniciámos a era dos nano-números.......o infinitesimamente pequeno, em contraponto ao infinitesimamente grande.
Será que somos o somatário de muitos grãos-de-areia qual pintura de Roy Lichtenstein?
Este é o meu pequeno Ponto(s) de Vista de hoje!