1984 ....

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"De Águeda, Manuel Pinho dirigiu-se depois a Cortegaça, Ovar, para se deslocar a uma empresa de instalações discretas e máxima segurança, a Microfil, que desenvolve sistemas de gestão integrada de informação. Dotada de um autêntico "bunker" blindado, armazena em Cortegaça dados confidenciais de muita gente e de muitos edifícios. A título de exemplo, diga-se que é naquela pequena localidade de província que está o sistema de arquivo digital e de gestão documental da Direcção Geral de Viação, e por ali passa a emissão das novas cartas de condução, desde os formulários, ao controlo de dados e imagem, até à consulta. Significa que quando alguém é identificado pelas autoridades policiais, os dados da viatura e do condutor são consultados pelos polícias no "bunker" da Microfil e é dali que sai a informação para o pagamento da multa na hora."

Diário Económico, 10 de Maio de 2007

É esta a sociedade em que vivemos.

A sociedade da vigilância e o poder do Estado realiza-se pela presença concreta e efectiva (afectiva) sobre os cidadãos. A sociedade da desconfiança entre os concidadãos concretiza-se.

O Estado chegou ao cúmulo de solicitar aos seus funcionários para serem delatores de colegas caso desconfiem de algum acto ilícito..... Esta situação verificou-se quando o Ministro das Finanças fez chegar a a todos os funcionários dos Serviços de Finanças um manual de boas práticas.....

Mas onde é que vamos parar quando nos locais de trabalho a relação entre colegas se degrada com esta vigilância omnipresente do Estado?

Antes do 25 de Abril tínhamos os 'esbirros' da PIDE e eram visíveis. As pessoas sabiam quem eram..... agora temos a precaridade do emprego, a subserviência ao aparelho, a desconfiança do colega, o querer aguentar o emprego a favor do Estado......

Ai que estamos muito mal!

Este é o meu pequeno Ponto(s) de Vista de hoje!